
Entra no vestiário onde as calças e a túnica verdes a aguardam bem dobradas e esterilizadas em cima da cadeira.
Despe-se de quem ela é para vestir a personagem de mais um elemento integrante da azáfanma do bloco operatório de um grande e

Calça-se, coloca a touca e a máscara.
Suspira... respira fundo...
Pronta!
Sabe que a partir dali terá nas suas mãos a vida de tantos outros.
Sabe que das suas mãos dependem outras vidas...
Sabe que terá que se despir de sentimentos e de histórias pessoais senão a carga seria demasiado pesada para si própria.
Mas sabe acima de tudo que quem sofre anseia por ver um rosto, por ouvir uma voz e acima de tudo sentir o toque da presença humana.
Apesar da concentração, apesar da pericia sabe que tem que tirar a máscara e olhar nos olhos de quem está nas suas mãos.
Sabe que esse olhar, sabe que essas palavras levarão quem está nas suas mãos mais descansados para o sono a que o obrigam.

Os sons agudos e sincronizados dos aparelhos que a rodeiam dizem-lhe que tudo está bem, que tudo segue como planeado.
Apesar da batalha continuar, apesar da persistência, apesar da perícia, sabe também que o acordar dessa luta é tão mais importante quanto o adormecer...
Então aguarda paciente e carinhosamente o leve retorno á vida para novamente tirar a máscara, olhar nos olhos e proferir palavras de incentivo e coragem de quem nas suas mãos tão bravamente travou uma luta.

Só depois, depois deste ritual, sorri, coloca de novo a máscara e está pronta para uma nova batalha!
No final de mais um dia de inúmeras batalhas travadas entre o certo e o errado, entre o bom o o mau, despe-se do verde esperança que a trajou durante o dia...
Respira fundo... Suspira... missão cumprida!
Já noite retorna a casa.
Ao lar onde a espera quem a ama e a recebe de braços abertos e onde sabe haver sempre um abraço carinhoso e um beijo terno que a aguardam sem pedir nada em troca e onde sabe poder repousar descansadamente nos seus braços por essa noite fora.