A música que nos faz voar

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Esta Noite...


...Enquanto dormias abri novamente as asas, pude então distende-las em direcção ao céu e com elas envolver-te no meu manto de magia e doçura.
Velava o teu sono, olhava o teu rosto adormecido, afaguei os teus cabelos e aninhaste-te ainda mais em mim sentindo a caricia que te oferecia com amor.
Alada novamente soltei uma suave brisa fresca, senti-te estremecer de prazer pelo arrepio que percorreu a tua pele abraçada pelo sol e um ténue sorriso aflorou os teus lábios...
Sim! Tu reconheces-me!
Sei que a tua mente, a tua consciência por estar demasiado enraizada nesta Terra tem dificuldade em aceitar, em reconhercer... mas assim... adormecido... nesta hora em que ela se entrega nos braços de Morfeu o Anjo renasce das cinzas qual Fenix para me abraçar e nos unirmos como um só.

Com a ponta dos dedos percorro suavemente o contorno do teu rosto visivel á luz ténue da lua que invade o espaço pela janela que deixei entreaberta... toco os teus olhos, suavemente desço os dedos pelo teu nariz e numa carícia fugaz sinto os teus lábios entreabertos que me sopram uma suave promessa de um beijo... com as duas mãos trémulas seguro o teu rosto e beijo a tua testa húmida, mas a tua boca aproxima-se perigosamente da minha... os meus lábios quase roçam os teus... o teu corpo movimenta-se... acaricio uma vez mais os teus cabelos para que a tua consciência teimosa volte novamente para a Terra de Morfeu!

Agora quero ficar a sós com o Anjo!

Ouves-me? Ouves o meu apelo Anjo Caído?

Vem. Alada novamente espero-te!

Abro as minhas mãos... toco o teu peito por forma a canalizar para ti toda a energia que necessitas para que o Anjo acorde... para que este encontre a cura...
Está na hora de recordares... está na hora de te preparares para um dia voltarmos a casa. Uma a uma, calmamente, com toda a doçura vou cortando as raizes que te pregam a este chão.
Sinto as tuas mãos tocarem ao de leve as minhas asas... sorris...
Sim! Recordas com saudade e ternura!
As minhas mãos envolvem o teu corpo e num abraço pedes-me que te relembre ainda mais... envoltos um no outro emana de nós uma suave luz... num sussuro digo-te:
"Tem calma meu Anjo... tem calma. Aos poucos lembrar-te-ás de tudo..."

Sinto a força do Anjo emergir das profundezas do teu ser... numa onda de energia indecifrável á mente humana unificamo-nos, numa espiral de luz consolidamo-nos e os nossos corpos fundem-se.
Suspensos num sentimento maior que nos invade todos os poros do corpo deixo que o Anjo adormeça novamente.

O Sol desponta no horizonte... nasce mais um dia... abres os olhos... sorrio-te... retribuis-me o sorriso... olho os teus olhos e vejo neles a lembrança fugaz da noite que se esgueira na tua memória...

Para dividir a Noite do Dia, para dividir o Céu da Terra, para separar o Anjo do Homem digo em voz alta virando as costas á Noite caminhando na direcção certa de um novo Dia:

"Amo-te!
Bom dia meu Amor!"


«Quando os meus olhos te tocaram
Eu sei que encontrara
A outra metade de mim
Tive medo de acordar
Como se vivesse um sonho
Que não pensei em realizar
E a força do desejo
Faz me chegar perto de ti
Quando eu te falei em amor
Tu sorriste para mim
E O mundo ficou bem melhor
Quando eu te falei em amor
Nós sentimos os dois
Que o amanhã vem depois
E não no fim
Estas linhas que hoje escrevo
São do livro da memória
Do que eu sinto por ti
E tudo o que tu me dás
É parte da história que eu ainda não vivi
E a força do desejo
Faz me chegar de ti
Quando eu te falei em amor
Tu sorriste para mim
E o mundo ficou bem melhor
Quando eu te falei em amor
Nós sentimos os dois
Que o amanhã vem depois e não no fim...»

terça-feira, 10 de julho de 2007

Ao João


"Distraidamente... deixei-o nascer
No tempo da esperança quando o trigo era ainda erva no meu coração
E... distraidamente deixei-o crescer
Até que ele se fartou e se foi
O barco que voga deixa rasto
O homem que passa, as pegadas
O arado abre um sulco
Ele partiu e deixou a imagem que não morre mas mata
Choro sobre o fogo ardente para apagar o que resta dela
Mas ela volta sempre maior e fico absorta a contempla-la
E não dou pelo céu que desdobra as nuvens e me oculta as estrelas como se fosse minha a culpa de gostar assim d'alguém."
(Dedico este post a duas pessoas muito especiais e a um grande amor entre os dois...)

sábado, 7 de julho de 2007

Bruxa


http://fallenangelpt.blogspot.com/2007/02/miriam.html

«O meu nome?
O meu não importa... é apenas um nome... mais um nome como tantos outros que tive em tantas outras vidas.

Sim! Era uma bruxa ou uma feiticeira como quiserem chamar.
Filha da Natureza, Princesa da Floresta, cedo aprendi os seus segredos, a sua linguagem, os seus sons e chamamentos.
Falava com os animais e comungava com a Flora.

Curioso... sorrio ao saber a precisão com que te lembras dos mais infimos detalhes de mim...
Eu ainda guardo em mim a lembrança dessa vida, a lembrança do primeiro dia em que te vi...

... Colhia plantas, ervas, flores, com elas fazia magia, conseguia extrair a sua mais pura essência e curar quem buscava a cura, guardava dentro de mim segredos ancestrais transmitidos por vozes doces e suaves que me aconselhavam prudência.
Rodeada pelos animais na clareira do grande carvalho executava as minhas tarefas para poder preparar os mais diversos remédios, as mais diversas poções... de repente tudo se calou á minha volta... o silêncio dizia que podia haver perigo, o silêncio significava que algo de estranho se passava... virei-me... cavaleiro e sua montada eram altivos e a avaliar pelas roupagens de certeza de origem nobre. Fitei o teu olhar sem o menor movimento e os teus olhos repousaram nos meus... Não fizeste o mais pequeno movimento... os teus olhos fecharam-se e tombaste a meus pés...

Tratei as tuas feridas... Curei a tua alma e foste tu que afinal lançaste sobre mim o maior dos Feitiços... o Amor...

Jamais esquecerei a forma como te entregaste á minha alma, a forma como possuiste o meu corpo não te importando do que sobre mim falavam os que não me conheciam e por isso me temiam.

Perdoo-os, perdo-o a todos quantos me julgaram e condenaram... ignorância... pura ignorância e medo. Quando se teme o desconhecido cometem-se actos atrozes...

Ali, despida de tudo e perante todos apenas via os teus olhos... chorei... não por mim que não temia a morte mas por sentir o teu sofrimento... ao me condenarem condenaram-nos á Vida Eterna, ao Amor Eterno.

Ali prostrada já não sentia nada... apenas sentia a tua mão que me tocava... o punhal que me apontavas num acto de misericórdia... entreguei-me então nas tuas mãos... entreguei-me a ti Eternamente... entreguei-me ao Fogo que exalava de nós, que exalava dos nossos corpos e que juntos ateámos derradeiramente nesta vida.

Não te condenes meu Eterno Amor!»


O temor está apenas na lembrança que a tua alma teima em não esquecer... o perdão... o perdão está para sempre cravado nos meus sentimentos e nos gestos que te teço com carinho no dia a dia em que ambos reavemos o passado.

A menina vive eternamente na lembrança suave da ternura no seu olhar que agora veste um corpo de mulher no presente para ser eternamente feiticeira.

Fala com os anjos, cura através da alma e do coração e assume o que a sua alma sempre foi... A Deusa.

Jamais esqueceu o fogo, não o fogo que a consumiu naquele dia de condenação, mas o fogo ardente que a consumia de desejo, fogo que ateaste no seu coração... o fogo eterno do amor realizado e consumado.

Fica em paz meu amor... obrigada pela tua compaixão... apenas não te posso perdoar todo o amor que me deste!